A forma de viver e estar no mundo tem passado por transformações nas últimas décadas. A inserção e o domínio das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) na sociedade exigem mudanças rápidas e contínuas em todos os setores, no sistema educacional não é diferente. Nesse contexto, vislumbrar o futuro da educação no Brasil passa por compreender os desafios de repensar o processo de ensino-aprendizagem diante de tantas inovações tecnológicas. Pensar sobre as mudanças em curso, sobretudo na sala de aula, e muitas que deveriam ser implementadas, significa refletir sobre o próprio desenvolvimento social do nosso país.
Formação contextualizada: experimentações
Para manter o estudante motivado no desenvolvimento de competências e aperfeiçoamento de habilidades intelectuais e socioemocionais, é fundamental que o contexto social seja levado em consideração nas práticas pedagógicas contemporâneas. Métodos muito tradicionais, rígidos e descontextualizados ou que desconsiderem a singularidade da trajetória individual do aprendizado, devem ser urgentemente reconsiderados, sob a pena de serem encarados como obsoletos ou desinteressantes – o que acarreta fenômenos como a evasão escolar, por exemplo.
Modelos mais interativos e focados na construção e não na mera reprodução de conhecimento devem tomar a frente, possibilitando a formação de sujeitos mais críticos, questionadores e autônomos. O ensino de sala de aula deve estar mais direcionado para a experimentação, testagem e investigação, do que para a absorção de conteúdos sem aplicabilidade prática. Nessa perspectiva, as TDICs trazem uma diversidade de possibilidades e ferramentas, disponibilizando uma grande variedade de estratégias e oportunidades de produzir, buscar e assimilar conhecimento
Metodologias ativas: a horizontalização da sala de aula
As metodologias ativas, por exemplo, propõem uma mudança de paradigma no ensino, acompanhando as inovações correntes. Os estudantes são colocados como protagonistas do processo, por meio de métodos mais participativos, dinâmicos e criativos. Ou seja, essa perspectiva prevê a mudança de uma sala de aula em que o ensino era centralizado na figura do professor, para uma sala de aula horizontalizada onde todos podem contribuir no processo de aprendizagem. Aqui, o enfoque está na investigação, na descoberta, na colaboração e na resolução de problemas.
Assim, as metodologias ativas se apresentam como potencializadoras da aprendizagem pois exigem comprometimento dos estudantes com sua própria produção de conhecimento. E esses recursos metodológicos encontram mais amplitude nos dispositivos tecnológicos digitais.
Muito mais do que só tecnologia
No entanto, vale a pena ressaltar que, utilizar a tecnologia como aliada na formação educacional, vai além de acessar dispositivos eletrônicos conectados com a internet. Representa, principalmente, fazer bom uso dos aparatos tecnológicos para adquirir novos conhecimentos e compartilhar informações importantes. Usar os meios de forma segura e com capacidade crítica para questionar e filtrar a grande quantidade de conteúdos disponibilizados.
Uma formação em sintonia com a realidade social significa o pleno desenvolvimento de habilidades de cooperação, pensamento coletivo, domínio de ferramentas tecnológicas, capacidade resolutiva assertiva e autonomia. Ainda que pontos levantados nesse texto pareçam utópicos, são mudanças que já começam a ser estabelecidas em algumas salas de aula no Brasil e que também já aparecem em discussões e planos educacionais. Pois não é possível refletir sobre educação na contemporaneidade sem pensar o indiscutível papel das tecnologias em todo esse processo.